sábado, 25 de junho de 2022

O SERENADOR DE HORAS, Vol 2 - PAULO VAS


 O volume 2 de O Serenador de Horas, de Paulo VAS, inicia com um poema que diz:


“(...) Não tenho nada para contar//As coisas e eu fomos um só//Tudo aconteceu entre nós//(...)// Não tenho nada para contar(...)”


“Contar”, vem do latim computare, que significava “calcular”, “estimar” e a palavra foi recuperada, já na idade moderna, para designar as máquinas que ajudavam a efectuar cálculos.

Na linguagem corrente, contar é tanto determinar o número, como narrar e esperar algo com base numa estimativa. Todos estes conceitos ou situações sugerem relações explícitas e claras de causa-efeito, lógica, sequência, “ordem natural das coisas”, conformando aquilo que hoje designamos por informação. A informação está, rapidamente, a tomar o lugar das coisas, assumindo-se como principal fonte de estímulo, em detrimento da experiência corporal.


Toda a linguagem dita assertiva, toda a afirmação clara resulta de uma simplificação. Este processo simplificador é absolutamente necessário para a “vida prática”. A vida prática é o conjunto de actividades que conformam a subsistência. Entende-se aqui por subsistência todos os degraus da pirâmide de Maslow, à excepção do último, que pode ou não existir, consoante o indivíduo (formando uma pirâmide truncada), e inclui não só as necessidades básicas de segurança, alimentação, mas também a realização pessoal e afirmação social. O último degrau é assim reservado para aquilo que não tem utilidade prática e que pode existir apenas na esfera interior do indivíduo.

A poesia pode ser vista como a linguagem desligada da subsistência, nos termos acima definidos, ainda que possa usar, e inevitavelmente use, os termos, temas e formas de expressão que são próprias desse conjunto de actividades práticas. É uma linguagem corporal em que as palavras são, antes de mais, gestos e, menos, signos com uma função rigidamente definida de significante/significado.


A linguagem poética do Paulo ecoa de uma oscilação numa topografia contínua e contaminada pelos pólos opostos que delimitam esses territórios, e que permanecem simultaneamente misturados e imiscíveis.


Esses terrenos estendem-se

no tempo: passado e presente

no espaço: longe e perto

na consciência: sonho - realidade - memória

na ontologia: ser - existir - morte


Estes são os espaços de encontro entre a realidade e a percepção, livres dos dispositivos organizadores - pré-concepções, classificações, causa-efeito - que traduzem o condicionamento intelectual e social.


Essa liberdade/libertação gera um movimento que é fluido, de uma matéria que passa a ser plástica.


Por outro lado, é usada com frequência uma forma de designação auto-descritiva:


“A luz na água”

“O cabelo, a minha companhia no cemitério"

“O vento, a hesitar no musgo e nas fendas da parede”

“Há quanto tempo estão ali aqueles limões?”


Estas frases, simples, gramaticamente não descritivas, convocam uma cumplicidade com o leitor, que as apreende como imagens falantes, dispensando outras palavras e adjectivações.


O Serenador de Horas, Vol 2, está disponível para aquisição.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

GYMNOBASILEIDA já em papel de 80 g.

Já está disponível em papel, numa pequena tiragem a primeira publicação de Rafael Ups, e a sétima da KV.

Rafael João Baptista Ups nasceu em Setúbal em 1972, mas é um pouco mais novo do que isso. Passou a infância a cumprir os seus deveres, com pausas para brincar. Leu muitas coisas e estudou algumas outras, chegando mesmo a licenciar-se, embora sem grande convicção. Trabalhou em diversas áreas: foi servente de pedreiro, administrativo, professor e motorista dos transportes públicos (não necessariamente por esta ordem). Actualmente vive e escreve. Nas horas vagas trabalha como estafeta. Gymnobasileida é o seu primeiro título publicado.

Encomendas para krrastzepy@gmail.com ou jonatas.scr@gmail.com.

Preço? em euros, o primeiro dos cubos perfeitos, excluindo a unidade. Barato, portanto.

domingo, 20 de abril de 2014

«Seven is the number of the young light»

A sétima publicação Krrastzepy Verlag promete não prometer nada. Desta vez, poesia sem amarras, talvez o livro mais feio de 2014 (excepto a capa). A epifania será já esta semana. Para desagradar a gregos e a troianos. Gosta de se arrepender? Encomende já.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

VOX POPVLI: Krrastzepy Verlag reproduz-se

VOX POPVLI é uma nova chancela da Krrastzepy Verlag, dedicada a publicações literárias impregnadas de senso comum e espírito de época. Por aqui vão aparecer e ficar gravadas as visões de pessoas diferentes sobre o(s) seu(s) próprio(s) tempo(s).

É preciso pensar e saber o que outros pensam sobre os nossos dias, e o que gente com dias diferentes dos nossos pensava deles.

Neste projecto editorial, não estão também esquecidos os paleógrafos do futuro.

A primeira obra sob esta marca será lançada já no próximo mês de Fevereiro. Outras se seguirão, durante o ano de 2014.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Aneurisma, de Filomena Heliodoro Alves

Filomena Heliodoro Alves moldou em poesia um pedaço de guerra contra a morte. A edição deste livro é, nas suas palavras, um projecto pessoal. Nas nossas, são palavras em forma de pessoa. Já existe em papel e tinta. Numa tiragem muito limitada.

Contactos através de krrastzepy@gmail.com ou da página do Facebook Krrastzepy Verlag.

domingo, 24 de novembro de 2013

terça-feira, 25 de junho de 2013

Lançamento - Um Velório Onde Se Deveria Chorar

E já existe em suporte de papel, como se diz agora, o romance Um Velório Onde Se Deveria Chorar, uma incursão por algumas formas diferentes de ver a vida, pelas palavras de pessoas que conviveram com alguém acabado de falecer. Há muita gente dentro deste livro.

J. Braviccio inicia assim a publicação dos seus escritos, nesta humilde casa da Krrastzepy Verlag.

Para a aquisição, os contactos habituais, ou diretamente com o autor (para quem o conheça).

terça-feira, 11 de junho de 2013

Um Velório Onde Se Deveria Chorar

Eis que um 4º autor se junta à Krrastzepy Verlag, falamos do estreante J. Braviccio, que nos traz, em forma de romance, um curioso portfólio de olhares e mentalidades. Um personagem central, que, por razões óbvias, nunca tem a palavra em primeira mão, é caracterizado ao longo da obra por um conjunto de pessoas que com ele conviveram e cujas vidas foram por ele influenciadas de forma determinante. Chegará ao público ainda durante este mês de junho.